quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Medicina e os Hospitais do passado

 

Hospital ou nosocômio  é um local destinado ao atendimento de doentes, para proporcionar o diagnóstico, que pode ser de vários tipos (laboratorial, clínico, cinesiológico-funcional) e o tratamento necessário. Documenta-se o vocábulo português "hospital" no século XVI talvez por influência do francês "hôpital" do século XII derivados da forma culta do latim "hospitale" relativo a hospede, hospitalidade, adjetivo neutro substantivado de "hospitalis (domus) - (casa) que hospeda

Historicamente, os hospitais surgiram como lugares de acolhida de doentes e peregrinos, durante a Idade Média. A denominação "Hotel-Dieu", que foi empregada para um conjunto de instituições francesas do século VII, já traz em si a noção de hospedagem e o caráter religioso que caracterizou a origem dessa instituição na Europa. Acredita-se que o 1º "Hotel-Dieu" foi fundado em Paris nos anos 651 ou 829 de nossa era.

 ROMA

  Para evitar o transtorno de tratar seus escravos velhos e doentes, os romanos ergueram um templo dedicado a Esculápio, o deus da Medicina, em uma ilha do Rio Tibre, em 293 a.C.
    Os escravos ficavam deitados ali, aos cuidados desse Deus. Grande parte morria, é claro.
    Aqueles que conseguiam se recuperar, no entanto, passavam a cuidar dos doentes, como se fossem enfermeiros.

EGITO


Nenhum outro povo antigo praticou a medicina no mesmo grau e com a mesma perfeição que os egípcios. Suas escolas médicas eram conhecidas por sua habilidade na cura dos males da humanidade. Provavelmente no século IX AC, o poeta grego Homero exclamou que, em termos de medicina, os egípcios suplantaram todos os povos de seu tempo. Cerca de 2 mil anos antes da chegada de Homero ao Egito, Imhotep já se destacava como pioneiro nas ciências médicas.

Os sacerdotes médicos do Egito faraônico chegaram ao ponto de desenvolver especializações como cirurgia, gastroenterologia, oftalmologia, odontologia e veterinária; e isto é mostrado no livro The Physicians of Pharaonic Egypt, de Paulo Ghalioungui et al., publicado na Alemanha Ocidental em 1983.

A medicina dos antigos egípcios, chamada sunt, compreendia quatro aspectos básicos: a cura pelos contrários; a cura pelos semelhantes; a prevenção de doenças e a magia. Cada um desses aspectos envolvia, na prática, especialização e sistematização, com registro de sintomas, diagnóstico, prognóstico e prescrições, além de técnicas cirúrgicas. Em Kemet, o verdadeiro nome do país na Antiguidade, o médico era sempre um sacerdote, de maior ou menor grau hierárquico, formado nos templos, que funcionavam também como locais de atendimento aos pacientes. Por volta de 2000 AC, os médicos keméticos já realizavam testes de gravidez através da urina e receitavam medicamentos anticoncepcionais. 

 Segundo documentos de época um pouco posterior, seus sucessores já faziam teste de acuidade visual e prescreviam remédios preventivos de infecções no globo ocular (aplicados em volta dos olhos e equivocadamente percebidos, nas esculturas e pinturas que nos chegaram, apenas como maquilagem). Também por esse tempo, os sábios egípcios já detinham conhecimentos anatômicos, inclusive sobre o cérebro e a medula humanos, que lhes permitia realizar delicados procedimentos cirúrgicos. E da mesma forma que dominavam complexas técnicas de cirurgia plástica reparadora, ortopedia e odontologia, esses médicos-sacerdotes serviam-se também da chamada “medicina dos excretos”, utilizando secreções e excrementos animais, bem como mofo, lama, ervas e metais danosos em combinações farmacológicas que anteciparam a composição de alguns dos modernos antibióticos e antiinflamatórios.

No campo da medicina preventiva, o velho Egito desenvolveu práticas contra doenças como cólera, lepra, tuberculose, tifo e moléstias venéreas. Isolamento, quarentena, cauterizações e imunizações através de fumigações ou banhos purificadores eram práticas corriqueiras em tempos de epidemias ou por conta de eventuais ameaças de contaminação. O conjunto de documentos conhecido como “Papiros Eberts”, datado de c. 1500 AC, e hoje no Museu de Leipzig, relaciona cerca de 125 plantas medicinais e fornece 811 receitas de cataplasmas, drágeas, elixires, gargarejos, inalações, instruções para fumigação, lavagens intestinais e ungüentos. Os diagnósticos e medicamentos desses papiros aplicam-se a uma vasta gama de males de afecções do aparelho respiratório a doenças cardiovasculares; de leucemia a males gastro-intestinais, de queimaduras a afecções do aparelho genito-urinário; de inchaço de gânglios a oftalmias. 


REGISTROS HISTÓRICOS AO REDOR DO MUNDO

 Grécia antiga 1200 – 400 aCNos “Templos” ou “Clínicas” de Esculápio (de Asclépio) - (Grego: Ασκληπιεία) O atendimento individual ao cidadão grego com ervas, repouso, purgantes, banhos térmicos, rituais religiosos tipo consulta à oráculos, indução de sonhos reveladores, ("enkoimesis" - Grego: ενκοίμησις) etc. e atividades de lazer (“kátharsis”) / educação em teatro, realizados em construções (Anfiteatros) anexas às clínicas – “Iatreion” (lugar dos médicos – “Iatros”)

 60 a.C. – Nesse período na China sob a dinastia Han a medicina possuía um caráter de serviço público, segundo as “Memórias Históricas” teriam existido hospitais ou estabelecimentos análogos e os médicos da corte procediam exames sistemáticos no pessoal do palácio e tornavam-se com freqüência funcionários ou escreviam sobre medicina. A partir do ano 624 os estudos médicos foram sancionados por exames sob autoridade do T’ai-yi-chou (grande serviço médico) se constituindo como o mais antigo exemplo do controle do estado sobre a medicina.
  
Hipócrates (em grego, Ἱπποκράτης) — (Cós, 460–Tessália, 377 a.C.) introduz princípios de racionalidade médica e ética (legando os textos conhecidos como “Corpus Hipocraticus”) até hoje tido como referências mas não parece ter modificado a forma das instituições existentes.
  
Roma (Império Romano - 27 a.C. – 476 d.C.) das referências aos hospitais da antigüidade apenas o "Valetudinarium", instituição romana destinada ao tratamento e recuperação das tropas, durante o período de expansão do império não tem origem religiosa, ou pelo menos no princípio. Posteriormente, nesse mesmo império, entre os séculos I e II a.C., registram-se, pois, instituições análogas destinadas aos escravos. Registra-se também nesse período e a permanência das instituições (templos?) e casas de banho sobreviventes do mundo grego.

129 A 199 dC, Galeno reafirma e desenvolve os princípios da medicina grega.

Ano Zero Início da era cristã - Jesus Cristo é tido como um curandeiro, aumentando a concepção religiosa e espiritual da medicina, reafirmando os princípios éticos da caridade expresso nos textos bíblicos como “amor ao próximo”. A era dos milagres e expectativa de cura através de "auxílio divino" e penitências que desenvolveram-se a partir de então, tem várias interpretações, inclusive a de exacerbação da fé e rejeição ao racionalismo, típico da Idade Média considerada por alguns como a “idade das trevas”.
325 dC. Constantino I, também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande (272 —337) em 317 é que passa a adotar declarado e oficialmente lemas e símbolos cristãos e em 325 publica o édito que proibia as “casas de banho” e templos pagãos
- Século IV dC, São criados os hospitais budistas da Índia.

370 dC Funda-se o primeiro hospital em Cesaréia construído após proclamação de édito cristão, considerando-se seguindo a doutrina de Jesus Cristo.

370 A 379 dC Basílio, o Grande (São basílo Magno), institui como norma a criação de hospitais como “sistema sanitários”, tendo o hospital de Roma como referência. Multiplicam-se os hospitais dos primeiros séculos da era cristã, juntamente com as numerosas ordens religiosas associadas, que sobreviveram por mais de 1500 anos.

475 - 476 dC Rómulo Augusto cria por édito as "xenodoquias" (do grego Xenos – Estrangeiro dochion- alojamento) para hospedagem dos forasteiros e participantes das típica vias de peregrinação dessa época .

Igreja Notre-Dame de Paris, vendo-se à a direita, o antigo Hotel-Dieu
650-656. Construção do Hotel-Dieu em Paris, sob a direção do Bispo de São Landry.

Séc. XV. Início do processo de separação do hospital medieval em duas instituições distintas: o hospital sensu stricto para o cuidado dos pacientes e a instituição de caridade, geralmente associada à recolha de órfãos, abrigos ou casas para os pobres.

Séc. XV. O “Quattrocento Italiano”, no contexto de transformações da cidade-estado e suas instituições de bem-estar, surge uma nova arquitetura e tipologia do hospital, que o distanciou das instituições medievais. Um símbolo desta reforma é a utilização da cruz grega e formação de claustros nos espaços, o que permitiu a classificação e separação dos internos.

1498 Decreto de D. Manuel I em Lisboa para criação da 1ª Santa Casa de Misericórdia em Portugal. modelo que se estende naquele pais e posteriormente na sua colônia do Brasil.

Um médico visitando os enfermos em um hospital. Gravura alemã de 1682.
Séc. XVI e XVII. Transformações dos leprosários medievais em hospitais gerais. O primeiro hospital no mundo muçulmano foram criados para tratar pacientes com hanseníase e isolá-los do resto da população, isso em torno do ano 700, o “Bimaristan” que foi fundado em Damasco durante o reinado do califa omíada Abd al-Malik  Antes dessa forma de organização, eram relativamente comuns, as “colônias” ou associações de auto ajuda entre leprosos banidos das cidades.

Séc XVIII. Reconhecimento da importância da ventilação paradigma da aeração (miasmas - retorno ao conhecimento grego hipocrático da relação das enfermidades, dos lugares com os ares e as águas). Se caracterizam as soluções arquitetônicas com tipologia própria (Lazaretos pabellonarios), um dos princípios orientadores da reforma e reconstrução do novo Hôtel-Dieu de París, que incendiou em 1772.

1789 A 1790. Durante os sangrentos acontecimentos da Revolução Francesa a ira popular tomou os hospitais que estavam sendo utilizados como prisões políticas. Posteriormente os hospitais tornaram-se um encargo da Administração Municipal e as ordens religiosas se limitaram ao serviço espiritual prestado aos doentes.

1822. Proclama-se na Espanha, a "Ley General de Beneficencia", base para a futura legislação do século XIX, é a etapa final da Beneficência sob a administração de Carlos III.

1863. Henry Dunant inicia o movimento em Genebra que resultou no Comitê Internacional da Cruz Vermelha para proteger a vida e a dignidade de vítimas de conflitos internacionais e internos.

 Princípios do século XIX. Serviços médicos de cuidados de emergência pré-hospitalar foi iniciado para recuperar o maior número possível de combatentes, as ordens de Napoleão Bonaparte, Dominique-Jean Larrey (1766-1842) usa o termo “triagem”, como um sistema de classificação para tratar os feridos no campo de batalha. Cria-se o transporte por ambulância e introduz-se os princípios da saúde militar moderna.










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