
A utilização das aeronaves em missão de resgate aeromédico não é coisa
tão recente como se pensa. Em 1870 durante a Guerra franco-prussiana,
são relatados os primeiros casos de transporte aeromédico, onde 160
feridos foram resgatados por balões de ar quente.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os
rudimentares aviões existentes já eram utilizados para transportar
médicos, equipamentos e remédios, o transporte de doentes e feridos
estava limitado somente aos casos extremos, já que a acomodação
disponível era muito restrita. Em 1920 foram utilizadas aeronaves na
campanha das Ilhas Somália.
Com a ocorrência da Segunda Guerra
Mundial, a tecnologia aeronáutica já estava em grande desenvolvimento,
com o aumento do espaço interno dos aviões, os americanos desenvolveram
um verdadeiro hospital aéreo.
Apesar deste avanço, só era possível
atender os doentes e feridos ou transportá-los para os grandes centros
de atendimento, a partir de bases ou aeroportos improvisados. Estima-se
que foram assistidos mais de um milhão de soldados pelos diversos
serviços de resgate e transporte aeromédico durante a Segunda Guerra
Mundial (Canetti et al, 1994).

Em 1946, Arthur Yong (Bells Helicopters Company)
idealizou um helicóptero com motor convencional à explosão, movido a
gasolina (modelo 47), o qual recebeu a primeira licença para operar nos
EUA. Entretanto, em 1950 durante a guerra da Coréia, o uso do
helicóptero obteve seu maior sucesso transportando mais de 20.000
militares feridos (Smith, 1962). Na guerra do Vietnã este número
aumentou para mais de 370.000 soldados.
Apesar do aumento do potencial balístico
dos armamentos, o decréscimo nas taxas de mortalidade em 5,8% nos
feridos de guerra na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), 2,4% na Guerra
da Coréia (1950-1953) e 1,7% no Vietnã (1964-1975), pode ser explicado
pela rapidez no atendimento médico.
Nos EUA, em 1972, a National Highway Transport Safety Administration (NHTSA) publicou o trabalho “Helicopters and Emergency Medical Services: NHUSA Experiente to Date”,
documentando o resultado de vários projetos de resgate aeromédico por
helicópteros. A partir deste artigo, este tipo de transporte foi
bastante difundido e incorporado a vários serviços de emergência (Emergency Medical Services – EMS).
Em 1973 no Anthony’s Hospital,
na Cidade de Denver, foi iniciado com sucesso o primeiro serviço
aeromédico associado a um centro de trauma. Desde então o uso de
helicópteros aumentou consideravelmente.
Até hoje os esquadrões de saúde das
forças armadas americanas trabalham de forma similar, porém com
equipamentos mais sofisticados.
No Brasil, o serviço de busca e
salvamento foi oficialmente criado em dezembro de 1950, pela Força Aérea
Brasileira com o nome de Search and Rescue (SAR).
A Polícia Militar do Estado de São Paulo
iniciou o emprego de aeronaves através do GRPAe, a partir de 15 de
agosto de 1984 e o Projeto Resgate teve início em São Paulo no ano de
1989, no Rio de Janeiro desde 1988 e em Minas Gerais desde 1986
(Rodrigues, 1987).
Histórico do resgate no Estado de São Paulo
O primeiro serviço de socorro médico de
urgência, provido pelo Estado, na cidade de São Paulo, remonta a 1893,
quando médicos do serviço legal da Polícia Civil do Estado passaram a
atender as emergências da cidade. Com o crescimento da cidade, em 1924,
criou-se o Posto Médico da Assistência Policial. Em 1950, o governo do
Estado passa para o município a responsabilidade do atendimento de
urgência, que assume o Pronto-Socorro de pacientes e que tinha como
retaguarda alguns hospitais.
Como existiam pronto-socorros isolados,
sem retaguarda hospitalar percebeu-se a necessidade de um sistema de
remoção de pacientes para internação. Em 1956, foi instalado o primeiro
PABX para atender às necessidades de remoção dos pronto-socorros
municipais e também as solicitações da população em situações de
urgência e emergência.
Nesta época era realizada uma triagem e,
dependendo da ocorrência, enviava-se uma ambulância, sem equipamentos
específicos, para o local do chamado e tripulada por equipe sem
habilidades para o atendimento extra- hospitalar, que além de
desenvolverem suas atividades no plantão do pronto-socorro, cumpriam uma
escala para eventuais saídas (AZEVEDO, 2002).
Este serviço, ao longo dos anos, passou
por uma série de mudanças, sendo criada uma Central de Comunicações
(CECOM). Esta Central controlava as vagas hospitalares, recebia as
solicitações de serviços de emergência feitas pela população, através de
ligações telefônicas pagas, e encaminhava para o pronto-socorro ou
hospital mais próximo (AZEVEDO, 2002).
Em março de 1980, a Central passou a
atender, por telefone, através dos dígitos 192, tornando-se o órgão
centralizador do processo de comunicação. Em 1986, com acordo firmado
entre o Governo Municipal e Federação dos Municípios Canadenses
(Toronto), foi possível priorizar a organização do Sistema de Emergência
Pré-Hospitalar, com incremento do serviço de comunicação de emergência,
treinamento de pessoal e planejamento do atendimento em casos de
catástrofes e acidentes de grandes proporções.
Até a década de 80, a ausência de
diretrizes nacionais para a área de emergência, particularmente de APH
(atendimeto pré-hospitalar), fez com que alguns estados criassem seus
serviços, sem uma linha de orientação e de normatização. Surgiram assim,
diferentes modelos no setor público e privado, em sua maioria com
deficiências técnicas.
O surgimento do Atendimento Pré-Hostitalar
O marco inicial do APH em São Paulo foi
em 1981, quando um grupo de médicos do Pronto Socorro do Hospital das
Clínicas, preocupados com o número crescente de vítimas com traumas
sendo atendidos no ambiente de pronto-socorro, decidiram desenvolver
um grupo de estudos, visando a melhoria do atendimento pré-hospitalar às
vítimas de acidentes. Resultou assim, na criação da Comissão de
Recursos Assistenciais de Pronto Socorro — CRAPS, com a participação de
inúmeros órgãos ligados ao atendimento de vítimas, Corpo de Bombeiros,
Polícia Militar e Secretarias de Saúde.
Em 15 de setembro de 1983, o então Secretário do Estado da Saúde Dr. João Yunes, oficializou o CRAPS para
a Grande São Paulo, sob a coordenação do Dr. Roberto Yukihiro Morimoto
(Resolução SS 47), cujos objetivos principais seriam regionalizar o
atendimento aos pacientes politraumatizados na Grande São Paulo, estudar
e propor um padrão mínimo de pronto-socorro e de ambulâncias.
Em 1986, a Polícia Militar do Estado de
São Paulo enviou um grupo composto por cinco Oficiais do Corpo de
Bombeiros à Cidade de Chicago, nos EUA, onde realizaram um Curso de
Técnico em Emergências Médicas. Após o encerramento do curso, foi
proposta uma reformulação na instrução de primeiros socorros ministrada
ao efetivo do Corpo de Bombeiros e ampliação dos serviços de Salvamento e
Resgate com pessoal especializado para o atendimento e transporte das
vítimas de acidentes.
Em 13 de julho de 1988, o então
Secretário do Estado da Saúde, Professor Dr. José Aristodemo Pinotti,
constituiu o GEPRO/EMERGÊNCIA (Grupo Especial de Programas de
Emergência), cujo objetivo era o de desenvolver, implementar e
fiscalizar o programa de emergência do Estado.
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