Mais do que uma questão de moda ou estilo, os jalecos verdes ou azuis dos médicos ajudam a salvar vidas durante as cirurgias, impedindo que os doutores deixem de perceber as nuances da cor vermelha.
É tudo uma questão de extremos opostos no espectro de cores: as diversas nuances do vermelho, presentes em abundância nas cirurgias, são as cores complementares de diversos tons de azul e verde.
Ou seja, o vermelho e suas variações estão no extremo oposto do azul e do verde no espectro de cores.
Faça um teste: visualize a imagem abaixo por pelo menos 10 segundos e, em seguida, olhe para uma superfície branca.
Você também viu um coração azul-esverdeado?
Seria algo mais ou menos dessa cor que um cirurgião veria se tudo à sua volta, inclusive os jalecos de outros médicos e enfermeiros, fossem totalmente brancos dentro da sala de cirurgia.
Fantasmas de cores complementares
Para impedir que os cirurgiões e os profissionais auxiliares se distraiam com essas ilusões de ótica, vendo “fantasmas” de cor verde para onde quer que olhem, é que surgiu essa ideia de substituir os jalecos brancos nas salas de cirurgias pelos da cor verde ou azul.
Assim, os tais “fantasmas verdes e azuis” se fundem à cor dos jalecos, deixando de se tornar uma distração. Quem confirma a teoria é Paola Bressan, pesquisadora de ilusões visuais da Universidade de Padova, na Itália.
De onde surgiu a ideia?
De acordo com um artigo de 1998 do Today’s Surgical Nurse, a ideia dos jalecos coloridos foi difundida no começo do século 20 por um influente médico que defendia que o verde e o azul seriam cores mais confortáveis para um médico visualizar durante as cirurgias — justamente pelos motivos que acabamos de explicar. Antes disso, os jalecos usados nas operações eram totalmente brancos.
Que falta de sensibilidade!
E não é só isso: o nosso cérebro interpreta cores em sua relação uma com as outras e, olhando por muitas horas para variações entre vermelho e rosa, o sinal dessas cores no cérebro desvanece e o cirurgião pode correr o risco de ficar dessensibilizado com as nuances entre os tons de vermelho.
Então, olhar para algo verde ou azul, de tempos em tempos, ajuda o cérebro a ficar mais sensível ao vermelho, segundo John Werner, psicólogo que estuda a visão na Universidade da Califórnia.